Da nebulosidade inicial, o Homem limpa os olhos, descobre o silêncio, caminha para o dia em direção à luz. O sagrado não se oculta, está em si, nele, no Homem, à procura da claridade que decorre por entre as mãos.
Do obscuro saber, o mito esmaga a exterioridade, leva o Homem à viagem interior, onde as cores revelam a presença do sagrado que se esmagam no encontro da sensibilidade, no ventre.
Da coisificação absurda, rodeante, o Homem projeta no universo, na tela, a desordem onírica, que espera, necessita, do olho, da água, da lágrima que dá ordem, sentido.
Na inquietude individual, o artista, o pintor, olha o mito, agarra a cabeça, mergulha nas cores, limpa os olhos, desvela a vida.
A Vida...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

pintando...

Anjo azul
que fazes aqui tão perto de tudo
tão perto do nada
o que há para além de ti
para além das tuas asas?
da tua boca ouço o silêncio de um sorriso
nada me dizes, nada tens para me dizer?
que escondes nas tuas asas
para além do cheiro do mar?
vejo-as iluminadas por uma luz que faz cegar
sinto o coração bater mais forte prestes a explodir
porque me fazes isso anjo azul?
por favor deixa-me dormir
aguardas a voz de um ser pequenino?
fico muda perante ti
não és tu um ser divino?
fico à espera aqui...por ti

Sílvia Mota Lopes

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