Da nebulosidade inicial, o Homem limpa os olhos, descobre o silêncio, caminha para o dia em direção à luz. O sagrado não se oculta, está em si, nele, no Homem, à procura da claridade que decorre por entre as mãos.
Do obscuro saber, o mito esmaga a exterioridade, leva o Homem à viagem interior, onde as cores revelam a presença do sagrado que se esmagam no encontro da sensibilidade, no ventre.
Da coisificação absurda, rodeante, o Homem projeta no universo, na tela, a desordem onírica, que espera, necessita, do olho, da água, da lágrima que dá ordem, sentido.
Na inquietude individual, o artista, o pintor, olha o mito, agarra a cabeça, mergulha nas cores, limpa os olhos, desvela a vida.
A Vida...

domingo, 29 de abril de 2018


Quando morrer não venerem o meu corpo. É somente um corpo vazio.
Desejo apenas pensamentos positivos e sentimentos de amor.

Sentada na esplanada com um sumo de limão na mão estava absorvida em pensamentos múltiplos.
Entregava os olhos às fadigas. Naquele lugar não havia ruídos cáusticos, apenas vozes ao longe e uma imagem desfocada da realidade.
Neste corpo que habitamos e nesta passagem terrena, ainda conseguimos disfarçar os sentimentos, as expressões e emoções com facilidade, mas quando despirmos este corpo, são as cores, a luz e sua intensidade que definem o nosso caráter e não há nada para disfarçar ou esconder. 
Ficamos completamente à vista de todos.

Os corpos separam-se com os sentimentos todos dentro e muitas vezes saem pela porta errada atropelando todas as moléculas do nosso corpo e confundindo todos os sentidos.
Agora é este o estado, como se tivesse engolido todo o mar da terra e em certos momentos do dia saltam pedras de sal pelos olhos.
Porque

há uma força maior do que a minha razão.