Da nebulosidade inicial, o Homem limpa os olhos, descobre o silêncio, caminha para o dia em direção à luz. O sagrado não se oculta, está em si, nele, no Homem, à procura da claridade que decorre por entre as mãos.
Do obscuro saber, o mito esmaga a exterioridade, leva o Homem à viagem interior, onde as cores revelam a presença do sagrado que se esmagam no encontro da sensibilidade, no ventre.
Da coisificação absurda, rodeante, o Homem projeta no universo, na tela, a desordem onírica, que espera, necessita, do olho, da água, da lágrima que dá ordem, sentido.
Na inquietude individual, o artista, o pintor, olha o mito, agarra a cabeça, mergulha nas cores, limpa os olhos, desvela a vida.
A Vida...

domingo, 4 de setembro de 2011

LUA

Mais um dia inventado...num dia frio de inverno.
Na noite que se aproxima, esconde-se o sol e adormece na pálida presença da lua, desnuda e absorvida pelo olhar das estrelas. O desejo fica a pernoitar lado a lado com ela.
No longo silêncio da noite, os sonhos abraçam-se sem cessar...confusos..inquietos, provocando desordem interior...soltando os sons...as letras...as palavras...as frases...os textos sem sentido.
A lua não dorme...não adormece, mas também não fala, cala...fica em silêncio, fica prisioneira de si mesma...não procura nada...é apenas uma forma a seu jeito...não sente nada...é gelada e não tem peito.

Sílvia Mota Lopes

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