Há músicas que entram facilmente na cabeça e nem pedem
licença para entrar. Escancaram a porta das emoções e permanecem ali aninhadas
em fios de prata a olhar o horizonte através dos versos. Talvez bastasse ser
pássaro para sentir a chegada da primavera e testemunhar o verbo que está em risco
de extinção.
São tantos os olhos que desfilam pela janela, sabendo que, a
casa não têm teto. Também teimam em usar pestanas mesmo quando não chove. Há
pessoas que vivem dentro da nossa cabeça de tanta preocupação, outras temos de
as deixar ir, mesmo que nos doa o peito. Às vezes sinto pequenas asas a
borbulhar na garganta. Quando as pressiono, elas ficam bravas, porque nascem
deformadas. Torna-se difícil regressarem ao estado límpido em que se
encontravam.
Como é que formigas tão pequeninas podem carregar fardos tão
grandes?
São como algumas
pessoas quando amam.
As malhas dos afetos são para os perseverantes com corações
gigantes.
As maiores dores são sentidas no silêncio.
Então porque não se calam?
SML
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